sexta-feira, 24 de abril de 2009

Silêncio Já o silêncio não é de oiro: é de cristal; redoma de cristal este silêncio imposto. Que lívido museu! Velado, sepulcral. Ai de quem se atrever a mostrar bem o rosto! Um hálito de medo embaciando o vidrado dá-nos um estranho ar de fantasmas ou fetos. Na silente armadura, e sobre si fechado, ninguém sonha sequer sonhar sonhos completos. Tão mal consegue o luar insinuar-se em nós que a própria voz do mar segue o risco de um disco... Não cessa de tocar; não cessa a sua voz. Mas já ninguém pretende exp'rimentar-lhe o risco! David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão"

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