domingo, 23 de agosto de 2009

Baladas Românticas - Azul... Lembra-te bem! Azul-celeste Era essa alcova em que te amei. O último beijo que me deste Foi nessa alcova que o tomei! É o firmamento que a reveste Toda de um cálido fulgor: - Um firmamento, em que puseste Como uma estrela, o teu amor. Lembras-te? Um dia me disseste: "Tudo acabou!" E eu exclamei: "Se vais partir, por que vieste?" E às tuas plantas me arrastei... Beijei a fimbria à tua veste, Gritei de espanto, uivei de dor: "Quem há que te ame e te requeste Com febre igual ao meu amor?" Por todo o mal que me fizeste, Por todo o pranto que chorei, - Como uma casa em que entra a peste, Fecha essa casa em que fui rei! Que nada mais perdure e reste Desse passado embriagador: E cubra a sombra de um cipreste A sepultura deste amor! Desbote-a o inverno! o estão a creste! Abale-a o vento com fragor! - Desabe a igreja azul-celeste Em que oficiava o meu amor! Olavo Bilac, in "Poesias"

Sem comentários: