quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Carta às Estrellas
Ninguem soletra mais vossos mysterios
Grandes letras da Noute! sem cessar...
Ó tecidos de luz! rios ethereos,
Olhos azues que amolleceis o Mar!...
O que fazeis dispersas pelo ar?!...
E ha que tempos ha já, fogos siderios,
Que ides assim como uns brandões funereos
Que levaes o Deus Padre a sepultar?!
Ha que tempos, dizei! - Ha muitos annos?...
E, com tudo, astros santos, deshumanos,
A vossa luz é sempre clara e egual!
Ha muito, que sois bons, castos, brilhantes!...
- Mas, tambem... ó crueis! sempre distantes...
Como dos nossos braços o Ideal!
António Gomes Leal, in 'Claridades do Sul'
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