quarta-feira, 5 de outubro de 2011


Imagens que Passais pela RetinaImagens que passais pela retina 
Dos meus olhos, porque não vos fixais? 
Que passais como a água cristalina 
Por uma fonte para nunca mais!... 
Ou para o lago escuro onde termina 
Vosso curso, silente de juncais, 
E o vago medo angustioso domina, 
_ Porque ides sem mim, não me levais? 
Sem vós o que são os meus olhos abertos? 
_ O espelho inútil, meus olhos pagãos! 
Aridez de sucessivos desertos... 
Fica sequer, sombra das minhas mãos, 
Flexão casual de meus dedos incertos, 
_ Estranha sombra em movimentos vãos. 

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

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