domingo, 8 de junho de 2008



pela imobilidade incrível desta hora

pela imobilidade incrível desta hora,
dir-se-ia que o planeta aqui cristalizou
pois nesta praia imensa intensa onda é sobra
do que ficou de um homem primitivo e bom:

o seu frugal aspecto. A lentidão astral
de sua inteligente mão e de seu gesto,
quando ambos em repouso. O cúmplice sinal
comparticipativo de seu próprio sexo.

O corpo sim. Aqui nesta verdade inteira
de não ser nunca o quase ou lhe ficar à beira,
como algo que é demais. Seu limite. Seu estorvo.

O corpo sim. Real em dimensão também.
Vestido só de pele. De argila revestido.
No absoluto da pura forma que o contém.

Maria da Graça Varella Cid

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