Está tão escuro que o fim do mundo pode estar próximo. Convenço-me que vai chover. Os pássaros no jardim estão silenciosos. Nada é o que parece, Nem nós mesmos. Na nossa rua há uma árvore tão grande Que podemos esconder-nos todos nas suas folhas. Nem precisaremos de roupas. Sinto-me tão velho como uma barata, disseste. Imagino-me passageiro de um navio-fantasma. Agora nem um suspiro lá fora. Se alguém abandonou uma criança no nosso patamar, Deve estar a dormir. Tudo está a vacilar na borda de tudo Com um sorriso polido. É porque há coisas neste mundo Sem qualquer solução, disseste. Nesse instante ouvi a laranja cor de sangue Rebolar pela mesa e com um baque Cair no chão rachada ao meio.Charles Simic
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Laranja Cor de Sangue
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