Pequenas papoilas, pequenas chamas infernais, sois inofensivas? Estremeceis. Não posso tocar-vos. Ponho as minhas mãos por entre as chamas. Mas nada queima. E fico exausta quando vos vejo estremecer assim, pregueadas e rubras como a pele da boca. Uma boca há pouco ensanguentada. Pequenas orlas de sangue! Há nela um fumo que não consigo tocar. Onde está o vosso ópio, as vossas cápsulas nauseabundas? Se eu pudesse esvair-me em sangue ou dormir!... Se a minha boca conseguisse desposar uma tal ferida! Ou os vossos licores me penetrassem, nesta cápsula de vidro, trazendo-me a acalmia e o silêncio. Mas sem cor. Sem nenhuma cor. Sylvia Plath
domingo, 6 de julho de 2008
Papoilas em julho
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