quinta-feira, 24 de abril de 2008


Gato

Que fazes por aqui, ó gato?


Que ambiguidade vens explorar?


Senhor de ti, avanças, cauto,


meio agastado e sempre a disfarçar


o que afinal não tens e eu te empresto,


ó gato, pesadelo lento e lesto,


fofo no pelo, frio no olhar!


De que obscura força és a morada?


Qual o crime de que foste testemunha?


Que deus te deu a repentina unha


que rubrica esta mão, aquela cara?


Gato, cúmplice de um medo


ainda sem palavras, sem enredos,


quem somos nós, teus donos ou teus servos?

Alexandre O'Neill

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