Salvador Dali
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
SIGAMOS O CHERNE
(Depois de ver o filme "O Mundo do Silêncio" de Jacques-Yves Cousteau)
.
Sigamos o cherne, minha Amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa do passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado.
Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando, mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa.
.terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
(Enlacemos as mãos.)
.
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Mais longe que os deuses.
.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
E sem desassosegos grandes.
.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
E sempre iria ter ao mar.
.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Pagãos inocentes da decadência.
.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
Nem fomos mais do que crianças.
.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Pagã triste e com flores no regaço.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Diz homem, diz criança, diz estrela.
Repete as sílabas
onde a luz é feliz e se demora.
.
.
Volta a dizer: homem, mulher, criança.
Onde a beleza é mais nova.
Eugénio de Andrade
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Subscrever:
Mensagens (Atom)