sábado, 31 de outubro de 2009

Não sei o que é o Halloween, mas gosto de gatos pretos...

Breakfast is served!

Algures na Ásia

Ó Trevas, que Enlutais a Natureza Ó trevas, que enlutais a Natureza, Longos ciprestes desta selva anosa, Mochos de voz sinistra e lamentosa, Que dissolveis dos fados a incerteza; Manes, surgidos da morada acesa Onde de horror sem fim Plutão se goza, Não aterreis esta alma dolorosa, Que é mais triste que voz minha tristeza. Perdi o galardão da fé mais pura, Esperanças frustrei do amor mais terno, A posse de celeste formosura. Volvei, pois, sombras vãs, ao fogo eterno; E, lamentando a minha desventura, Movereis à piedade o mesmo Inferno. Bocage, in 'Rimas'

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Algures na Ásia

Fast-food em versão bento: parte 5

Breakfast is served!

Enterro de Ophelia Morreu, Vae a dormir, vae a sonhar... Deixal-a! (Fallae baixinho: agora mesmo se ficou...) Como padres orando, os choupos formam ala, Nas margens do ribeiro onde ella se afogou... Toda de branco vae, n'esse habito de opala, Para um convento: não o que o Hamlet lhe indicou, Mas para um outro, horror! que tem por nome Valla, D'onde jamais saiu quem, lá, uma vez entrou!... O lindo Por-do-Sol, que era doido por ella, Que a perseguia sempre, em palacio e na rua, Vede-o, coitado! mal pode suster a vela... Como damas de honor, nymphas seguem-lhe os rastros, E, assomando no céu, sua Madrinha, a Lua, Por ella vae desfiando as suas contas, Astros! António Nobre, in 'Só'

domingo, 25 de outubro de 2009

Algures na Ásia

Uma casinha num pc

Breakfast is served!

Sobre a Cama de Roupa o teu Cadáver Sobre a cama de roupa o teu cadáver do corpo morto não inerte ou vivo do corpo não contente ou triste ou vivo de morto não inerte ou de cadáver sobre a cama de roupa morto ou vivo sobre o teu corpo morto de cadáver à luz do corpo vivo de cadáver descontente ou alegre morto ou vivo como pude chorar ou morto ou vivo sob a chuva da morte do cadáver do corpo morto teu ou como vivo pude olhar-te e chorar-te e o cadáver sobre a cama de roupa inerte ou vivo do teu corpo e de morto o teu cadáver Gastão Cruz, in "Escassez"

sábado, 24 de outubro de 2009

Cansaço O que há em mim é sobretudo cansaço — Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A subtileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto em alguém, Essas coisas todas — Essas e o que falta nelas eternamente —; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada — Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimno, íssimo, íssimo, Cansaço... Álvaro de Campos, in "Poemas"

Algures na Ásia

No momento certo!...