segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Hora do chá

Quanto Faças, Supremamente Faze Quanto faças, supremamente faze. Mais vale, se a memória é quanto temos, Lembrar muito que pouco. E se o muito no pouco te é possível, Mais ampla liberdade de lembrança Te tornará teu dono. Ricardo Reis, in "Odes"

domingo, 27 de setembro de 2009

Colhe o Dia, porque És Ele Uns, com os olhos postos no passado, Vêem o que não vêem: outros, fitos Os mesmos olhos no futuro, vêem O que não pode ver-se. Por que tão longe ir pôr o que está perto — A segurança nossa? Este é o dia, Esta é a hora, este o momento, isto É quem somos, e é tudo. Perene flui a interminável hora Que nos confessa nulos. No mesmo hausto Em que vivemos, morreremos. Colhe O dia, porque és ele. Ricardo Reis, in "Odes"

Hora do chá

sábado, 26 de setembro de 2009

Hora do chá

Coroemo-nos Pois uns para os Outros Tuas, não minhas, teço estas grinaldas, Que em minha fronte renovadas ponho. Para mim tece as tuas, Que as minhas eu não vejo. Se não pesar na vida melhor gozo Que o vermo-nos, vejamo-nos, e, vendo, Surdos conciliemos O insubsistente surdo. Coroemo-nos pois uns para os outros, E brindemos uníssonos à sorte Que houver, até que chegue A hora do barqueiro. Ricardo Reis, in "Odes"