sábado, 5 de setembro de 2009
Quando Voltei Encontrei os Meus Passos
Quando voltei encontrei os meus passos
Ainda frescos sobre a húmida areia.
A fugitiva hora, reevoquei-a,
-Tão rediviva! nos meus olhos baços...
Olhos turvos de lágrimas contidas.
-Mesquinhos passos, porque doidejastes
Assim transviados, e depois tornastes
Ao ponto das primeiras despedidas?
Onde fostes sem tino, ao vento vário,
Em redor, como as aves num aviário,
Até que a asita fofa lhes faleça...
Toda essa extensa pista _ para quê?
Se há de vir apagar-vos a maré,
Com as do novo rasto que começa...
Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'
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