quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Sepultura d'um Poeta Maldito
Se, em noite horrorosa, escura,
Um cristão, por piedade,
te conceder sepultura
Nas ruínas d'alguma herdade,
As aranhas hão-de armar
No teu coval suas teias,
E nele irão procriar
Víboras e centopeias.
E sobre a tua cabeça,
A impedi-la que adormeça.
- Em constantes comoções,
Hás-de ouvir lobos uivar,
Das bruxas o praguejar,
E os conluios dos ladrões.
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
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