segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Enterro de Ophelia Morreu, Vae a dormir, vae a sonhar... Deixal-a! (Fallae baixinho: agora mesmo se ficou...) Como padres orando, os choupos formam ala, Nas margens do ribeiro onde ella se afogou... Toda de branco vae, n'esse habito de opala, Para um convento: não o que o Hamlet lhe indicou, Mas para um outro, horror! que tem por nome Valla, D'onde jamais saiu quem, lá, uma vez entrou!... O lindo Por-do-Sol, que era doido por ella, Que a perseguia sempre, em palacio e na rua, Vede-o, coitado! mal pode suster a vela... Como damas de honor, nymphas seguem-lhe os rastros, E, assomando no céu, sua Madrinha, a Lua, Por ella vae desfiando as suas contas, Astros! António Nobre, in 'Só'

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