domingo, 1 de novembro de 2009

Renúncia A minha mocidade há muito pus No tranquilo convento da tristeza; Lá passa dias, noites, sempre presa, Olhos fechados, magras mãos em cruz... Lá fora, a Noite, Satanás, seduz! Desdobra-se em requintes de Beleza... E como um beijo ardente a Natureza... A minha cela é como um rio de luz... Fecha os teus olhos bem! Não vejas nada! Empalidece mais! E, resignada, Prende os teus braços a uma cruz maior! Gela ainda a mortalha que te encerra! Enche a boca de cinzas e de terra Ó minha mocidade toda em flor! Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

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