quarta-feira, 23 de maio de 2007

Ezra Pound

Excerptos de Homenagem a Sextus Propertius

VII
Eu feliz, noite, noite cheia de brilho;
Ó leito feito feliz pelas minhas longas deleitações;
Quantas palavras ditas até ao fim com abundantes
[candeias;
Lutas quando as luzes foram retiradas;
Então, com desnudos seios, ela lutou contra mim,
A túnica aberta em desalinho;
E depois ela, abrindo os olhos que eu fechara no sono,
Os lábios dela sobre os meus olhos; e aa boca dela a dizer:
Madraço!
Em quantos e variados abraços, os nossos mutáveis
[braços,
Os seus beijos, tantos, pousando nos meus lábios.
«Não faças de Vénus um movimento cego,
Os olhos são os guias do amor,
Páris arrancou Helena nua do leito de Menelau,
O corpo nu do Endymion, isca brilhante para Diana»,
- pelo menos, esta é a história.
Enquanto os nossos destinos se entrelaçarem, sacia os
nossos olhos com amor;
Pois a longa noite cai sobre nós
e um dia em que o dia não retorna.
Que os deuses deitam sobre nós correntes
de modo a que nenhum dia nos desamarra
Louco é aquele que qqueria pôr fim à loucura do amor,
Porque o sol correrá com cavalos negros,
a terra extrairá trigo da cevada,
A corrente fluirá ao encontro da fonte
E antes que o coração conheça a moderação,
Os peixes nadarão em rios secos.
Não, agora enquanto possa ser, que o fruto da vida
[não cesse.
............................................................................................................

Sem comentários: