sábado, 22 de agosto de 2009

Baladas Românticas - Negra... Possas chorar, arrependida, Vendo a saudade que aqui vai! Vê que inda, negro, da ferida Aos borbotões o sangue cai... Que a nossa história, assim relida, O nosso amor, lembrado assim, Possam fazer-te, comovida, Inda uma vez pensar em mim! Minh'alma pobre e desvalida, Órfã de mãe, órfã de pai, Na escuridão vaga perdida, De queda em queda e de ai em ai! E ando a buscar-te. E a minha lida Não tem descanso, não tem fim: Quanto mais longe andas fugida, Mais te vejo eu perto de mim! Louco! e que lúgubre a descida Para a loucura que me atrai! - Terríveis páginas da vida, Escuras páginas, - cantai! Vim, ermitão, da minha ermida, Morto, do meu sepulcro vim, Erguer a lápida caída Sobre a esperança que houve em mim! Revivo a mágoa já vivida E as velhas lágrimas... a fim De que chorando, arrependida, Possas lembrar-te inda de mim! Olavo Bilac, in "Poesias"

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