segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Cedendo ao sono químico
Cedendo ao sono químico o domínio da noite e o começo do dia, doenças das agências noticiosas da pequena cultura, as mesmas que nos disseram que os grandes livros ainda não foram escritos, são a nossa grande conversa de restaurante, com vários poetas à beira da homenagem, porque velhos, porque mortos, porque com altas qualidades em que, outrora, ninguém reparara. Mas o excelente arroz de pato desossado e o vinho muito bom para o preço mudaram o teor das tuas críticas. Fizeste mal isto, e isto, e mais isto, além disso é mentira que nietzsche tenha dito uma coisa daquelas. Baixo a cabeça como quando me obrigavam a baixar para apanhar um caldo, o boné voava e os calmeirões riam-se muito. Não fiques triste por eu te descobrir a careca. Até ideologia me punhas a estudar, as vertentes exactas das encostas pobres, o limite do desgosto amoroso. Sempre com um chicote, sempre com uma raiva que parecia renascer todos os dias. Era como se ao ousar escrever o meu pé tivesse tocado terra sagrada e a marca do choque, a flor em fogo, fizessem de mim para sempre um escravo, atado ao veneno que em doses bebia.
Helder Moura Pereira

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