
sábado, 28 de fevereiro de 2009

O que desejei às vezes
O que desejei às vezes Diante do teu olhar, Diante da tua boca! Quase que choro de pena Medindo aquela ansiedade Pela de hoje - que é tão pouca! Tão pouca que nem existe! De tudo quanto nós fomos, Apenas sei que sou triste. António Botto

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A uma luz perigosa como água De sonho e assalto Subindo ao teu corpo real Recordo-te E és a mesma Ternura quase impossível De suportar Por isso fecho os olhos (O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da provocação. É assim que te faço arder triunfalmente onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos) Por isso fecho os olhos E convido a noite para a minha cama Convido-a a tornar-se tocante Familiar concreta Como um corpo decifrado de mulher E sob a forma desejada A noite deita-se comigo E é a tua ausência Nua nos meus braços * Experimento um grito Contra o teu silêncio Experimento um silêncio Entro e saio De mãos pálidas nos bolsos Alexandre O´Neill

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O amor é o amor - e depois?! Vamos ficar os dois a imaginar, a imaginar?.. O meu peito contra o teu peito, cortando o mar, cortando o ar. Num leito há todo o espaço para amar! Na nossa carne estamos sem destino, sem medo, sem pudor, e trocamos - somos um? somos dois? - espírito e calor! O amor é o amor - e depois?! Alexandre O´Neill

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sonho-te real, em lágrimas de mar, refaço as mãos, tuas raízes verdes, conto e reconto as horas que passámos. Repiso os passos, rasgo a estrada branca, renasço em cada gesto que fizemos, beijo-te outra vez, ajoelhado...
Enquanto longos, dolorosos versos nas veias vão doendo Pedro Tamensegunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Fecham-se os dedos donde corre a esperança,
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquê esperar, porquê, se não se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?
Antes aproveitar a nossa herança
De intenções e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.
Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a mão que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.
Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.
José Carlos Ary dos Santos

domingo, 22 de fevereiro de 2009

A cidade é um chão de palavras pisadas
A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.
A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.
A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.
A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

sábado, 21 de fevereiro de 2009
Subscrever:
Mensagens (Atom)