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Dezarrezoado amor, dentro em meu peito Dezarrezoado amor, dentro em meu peito tem guerra com a razão. Amor, que jaz i já de muitos dias, manda e faz tudo o que quer, a torto e a direito. Não espera razões, tudo é despeito, tudo soberba e força, faz, desfaz, sem respeito nenhum, e quando em paz cuidais que sois, então tudo é desfeito. Doutra parte a razão tempos espia, espia ocasiões de tarde em tarde, que ajunta o tempo: em fim vem o seu dia. Então não tem lugar certo onde aguarde amor; trata treições, que não confia nem dos seus. Que farei quando tudo arde? Sá de Miranda
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