sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Os amantes se amam cruelmente e com se amaram tanto não se vêem. Um se beija no outro, reflectido. Dois amantes que são? Dois inimigos. Amantes são meninos estragados pelo mimo de amar: e não percebem quanto se pulverizam no enlaçar-se, e como o que era mundo volve a nada. Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma que os passeia de leve, assim a cobra se imprime na lembrança de seu trilho. E eles quedam mordidos para sempre. Deixaram de existir, mas o existido continua a doer eternamente. Carlos Drummond de Andrade

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