sexta-feira, 3 de abril de 2009

Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia Eu hontem passei o dia Ouvindo o que o mar dizia. Chorámos, rimos, cantámos. Fallou-me do seu destino, Do seu fado... Depois, para se alegrar, Ergueu-se, e bailando, e rindo, Poz-se a cantar Um canto molhádo e lindo. O seu halito perfuma, E o seu perfume faz mal! Deserto de aguas sem fim. Ó sepultura da minha raça Quando me guardas a mim?... Elle afastou-se calado; Eu afastei-me mais triste, Mais doente, mais cansado... Ao longe o Sol na agonia De rôxo as aguas tingia. «Voz do mar, mysteriosa; Voz do amôr e da verdade! - Ó voz moribunda e dôce Da minha grande Saudade! Voz amarga de quem fica, Trémula voz de quem parte...» . . . . . . . . . . . . . . . . E os poetas a cantar São echos da voz do mar! António Botto, in 'Canções'

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