segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pastor do Monte, Tão Longe de Mim Pastor do monte, tão longe de mim com as tuas ovelhas Que felicidade é essa que pareces ter — a tua ou a minha? A paz que sinto quando te vejo, pertence-me, ou pertence-te? Não, nem a ti nem a mim, pastor. Pertence só à felicidade e à paz. Nem tu a tens, porque não sabes que a tens. Nem eu a tenho, porque sei que a tenho. Ela é ela só, e cai sobre nós como o sol, Que te bate nas costas e te aquece, e tu pensas noutra cousa indiferentemente, E me bate na cara e me ofusca. e eu só penso no sol. Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

Sem comentários: