terça-feira, 30 de junho de 2009
Lay your sleeping head, my love
Lay your sleeping head, my love,
Human on my faithless arm;
Time and fevers burn away
Individual beauty from
Thoughtful children, and the grave
Proves the child ephemeral:
But in my arms till break of day
Let the living creature lie,
Mortal, guilty, but to me
The entirely beautiful.
Soul and body have no bounds:
To lovers as they lie upon
Her tolerant enchanted slope
In their ordinary swoon,
Grave the vision Venus sends
Of supernatural sympathy,
Universal love and hope;
While an abstract insight wakes
Among the glaciers and the rocks
The hermit's carnal ecstasy.
Certainty, fidelity
On the stroke of midnight pass
Like vibrations of a bell
And fashionable madmen raise
Their pedantic boring cry:
Every farthing of the cost,
All the dreaded cards foretell,
Shall be paid, but from this night
Not a whisper, not a thought,
Not a kiss nor look be lost.
Beauty, midnight, vision dies:
Let the winds of dawn that blow
Softly round your dreaming head
Such a day of welcome show
Eye and knocking heart may bless,
Find our mortal world enough;
Noons of dryness find you fed
By the involuntary powers,
Nights of insult let you pass
Watched by every human love.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
A Volta
Tão só em prosseguir busquei sentido
e o caminho é sem regresso a quem caminha
por nenhum instinto além reconhecido.
Espaço meu ou de loucura, era sozinha.
Vinha de não sei onde, lar perdido
de mim mesma, ou infância. Vinha
quando apenas vi que recobrara o ido
antigo estar em tal estância, minha.
E tudo que abandonei, o a que deu termo
muda solidão pairando em grito ermo,
largo deserto visto em falso medo,
tudo que abandonei, faz companhia.
Enquanto, indo, um ocaso brando me assistia
eis que amanheço em mim, volto a ser cedo!
Maria Ângela Alvim
domingo, 28 de junho de 2009
VI
Quero crer-me este sentido
de longa memória branca.
Sobre ele não lembrar,
- ficar, ficar,
no encontro de tudo em pouco:
o tempo se refez no instante
deste espaço, superfície,
chão que nem me sustenta
(dura sou, eu, e dura amargura é a minha).
Não, não me lembrarei,
seria pensar começos
e outros fins - ó lunares
lembranças, doridos passos
(muitos fui acompanhando
de longe e mais me pisaram
aqui, ali, onde sei).
Estou? Se estou me consentem
os gestos e os movimentos?
Nenhum ruído se atenta
que dentro não fosse ouvido.
E tudo em mim se repete
enquanto durante e sempre
a lembrança vai baixando
a seu leito mais dormente.
Os pensamentos seriam
roteiros menos sofridos?
Deixá-los que se solveram
nestes nocturnos tormentos
da mente se procurando,
da ideia, refluindo
sobre dúvida, distância
e certeza, aéreo marco
de um repouso em si medido.
Deixá-los. Deixar-me enquanto
existe um consenso oculto.
Pensarei que desvivi
num limite-lucidez
lá e, no entanto, aqui.
Maria Ângela Alvim
sábado, 27 de junho de 2009
v
Moro em mim? No meu destino, largado partido em mil? Moro aqui? Demoraria sempre aqui, sem me saber - fugindo sempre estaria? Eis um lugar. Degredo (de quê?). Dimensão se perseguindo num sonho? - Sim, que me acordo. Tudo existe circunstante e ninguém para me crer. Sou eu o sonho, momento da ausência alheia (que devasso quase fria). Morte, vida recente, subindo em mim a resina, ungüento de noite, amor. As sombras e seus véus, tantos véus - o mais sucinto preso a meu corpo (aparente?) me divide em dois recintos. Um deles sendo equilíbrio noutro posso me conter. Avanço no sono aberto até a altura do dia, fria, fria, mais fria, minha pele filtra a aurora - neste tempo aquela hora, seu pulso de instante e ocaso. Eis que me encontro. Limite de transparência e contacto entre a luz e meu retrato, na casta parede - a louca? Marulho d'água, caindo dentro de mim, claridade. Graça de mãos mais presentes, que minhas mãos, já vazias de sua forma, na palma. Que gesto extenso as reteve sempre além, configuradas? E este azul, quase em branco se desfazendo (na carne?). Ah! Três retinas cortadas de um prisma, se amanhecidas nestes vidros, na vigília. Ah! Três retinas pousadas em ver, em ver contemplando (ser, será o esquecimento de quanto somos - pensando?). Maria Ângela Alvim
sexta-feira, 26 de junho de 2009
As cinco letras em vidro
É um estilete de luz a imensidade de que és feita e contorna um azul-sonho-neve igual aos cabelos que descobri a saírem da tua boca - dos teus olhos de imaginação - dos teus lábios curvos de aurora. Saímos enquanto as pessoas olhavam admiradas o Arco do Triunfo deixando escorrer dos bolsos fitas e serpentinas para tudo se passar como no pássaro para deixar objectivamente escrito nas margens do rio do Mar - o continente submerso - o navio de todos os amantes por onde rola a carruagem em que viajamos pintada de Liberdade e de Poesia contigo a dormir sobre o meu peito. POR ISSO EU SENTI SER FÁCIL O SUICÍDIO FÁCIL E POSSÍVEL. Fixou-se no muro da tua residência sobre a porta que se abre ao visitante um símbolo mágico e de cabala - a oportunidade do meu regresso - a história maravilhosa que te direi na viagem. Procurei nas folhas espalhadas pelo nosso leito a recordação do que há-de vir - apenas no esparso - no diverso - no acto simultâneo de defesa - no viajar de aeróstato incógnito de distância - na noite mágica NA PRIMEIRA GRANDE NOITE MÁGICA QUE NÓS TIVEMOS. Abriu-se a janela que caminhava sozinha e saiu um sonho simples de criança: O METEORO DA TRANSFORMAÇÃO pousado a um canto o meu Jogo de Cabala (um montinho de quadrados, de círculos, de triângulos, dispostos geometricamente sobre um tabuleiro grande) o meu Tratado de Magia Humana (um caminho de ogivas, um relógio a dar horas sobre um túmulo em pé, os postes magnéticos, os cordões da angústia) FALO - no Laboratório Mágico ao dar-se a aparição espon- tânea de Lautréamont e Freud que traziam sobre as sobrancelhas um corte fino a atravessá-Ias lado a lado: - Ao aparecer a mulher escandalosamente vestida de vermelho ele dirige-se para a jovem e os outros passeiam sobre as rochas onde fica oculto o corpo do homem que chega continuamente MUDO APONTA O HORIZONTE. (In A Intervenção Surrealista) ANTÓNIO MARIA LISBOA
quinta-feira, 25 de junho de 2009
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