segunda-feira, 8 de junho de 2009

A Noite não me Deu nenhum Sossego Como voltar feliz ao meu trabalho se a noite não me deu nenhum sossego? A noite, o dia, cartas dum baralho sempre trocadas neste jogo cego. Eles dois, inimigos de mãos dadas, me torturam, envolvem no seu cerco de fadiga, de dúbias madrugadas: e tu, quanto mais sofro mais te perco. Digo ao dia que brilhas para ele, que desfazes as nuvens do seu rosto; digo à noite sem estrelas que és o mel na sua pele escura: o oiro, o gosto. Mas dia a dia alonga-se a jornada e cada noite a noite é mais fechada. William Shakespeare, in "Sonetos" Tradução de Carlos de Oliveira

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