É um estilete de luz a imensidade de que és feita e contorna um azul-sonho-neve igual aos cabelos que descobri a saírem da tua boca - dos teus olhos de imaginação - dos teus lábios curvos de aurora. Saímos enquanto as pessoas olhavam admiradas o Arco do Triunfo deixando escorrer dos bolsos fitas e serpentinas para tudo se passar como no pássaro para deixar objectivamente escrito nas margens do rio do Mar - o continente submerso - o navio de todos os amantes por onde rola a carruagem em que viajamos pintada de Liberdade e de Poesia contigo a dormir sobre o meu peito. POR ISSO EU SENTI SER FÁCIL O SUICÍDIO FÁCIL E POSSÍVEL. Fixou-se no muro da tua residência sobre a porta que se abre ao visitante um símbolo mágico e de cabala - a oportunidade do meu regresso - a história maravilhosa que te direi na viagem. Procurei nas folhas espalhadas pelo nosso leito a recordação do que há-de vir - apenas no esparso - no diverso - no acto simultâneo de defesa - no viajar de aeróstato incógnito de distância - na noite mágica NA PRIMEIRA GRANDE NOITE MÁGICA QUE NÓS TIVEMOS. Abriu-se a janela que caminhava sozinha e saiu um sonho simples de criança: O METEORO DA TRANSFORMAÇÃO pousado a um canto o meu Jogo de Cabala (um montinho de quadrados, de círculos, de triângulos, dispostos geometricamente sobre um tabuleiro grande) o meu Tratado de Magia Humana (um caminho de ogivas, um relógio a dar horas sobre um túmulo em pé, os postes magnéticos, os cordões da angústia) FALO - no Laboratório Mágico ao dar-se a aparição espon- tânea de Lautréamont e Freud que traziam sobre as sobrancelhas um corte fino a atravessá-Ias lado a lado: - Ao aparecer a mulher escandalosamente vestida de vermelho ele dirige-se para a jovem e os outros passeiam sobre as rochas onde fica oculto o corpo do homem que chega continuamente MUDO APONTA O HORIZONTE. (In A Intervenção Surrealista) ANTÓNIO MARIA LISBOA
sexta-feira, 26 de junho de 2009
As cinco letras em vidro
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