sábado, 18 de julho de 2009

O Ideal Nunca poderá ser pálida bonequinha, Produto sem frescor qual manequim de molas, Pés para borzeguins, dedos p'ra castanholas, Que há-de satisfazer almas como esta minha. Eu deixo a Gavarni, poeta de enfermaria, Seu rebanho gentil de belezas cloróticas, Porque nunca encontrei n'essas plantas exóticas A rubra flor que anela a minha fantasia. Meu torvo coração, na angústia que o oprime, Sonha Lady Macbeth, alma fadada ao crime, Pesadelo infernal que um Ésquilo criou; E contigo também, ó Noite grandiosa, Filha de Miguel-Anjo, esfinge misteriosa, Sereia colossal que algum Titã gerou! Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

Sem comentários: