domingo, 16 de agosto de 2009

A mágoa é um vício
A mágoa é um vício, a ele volto 
pelas madeiras desta casa, as memórias 
são mais que os sinais pendurados
ao longo das paredes, não descrevo
o que vejo. O que sinto quase 
está no silêncio, deixa de ser tempo
o tempo da noite, nos papéis 
há desenhos que o matam, pontos
ganhos, contas de somar, fáceis
artimanhas evitando as palavras. Nada
difere de como ponho a mão na testa,
de como se afasta o sol para trás
dos castanheiros. Tento dizer
que sou como vós, leves amantes
de suaves lazeres, contradigo, desminto,
nada acontece. Para o dia de hoje
um pequeno esboço de tristeza, derrota
de cumprir, tarefa de vencer, antes
da noite os ombros, as rugas, terão
significado preciso. Só o recomeço
será tempo de sorrisos.

                     (Gestos de miradoiro)


Helder Moura Pereira

1 comentário:

J.G. disse...

Visita, a poesia aliada à senhora Loba.



http://mmeloup.wordpress.com/