domingo, 3 de maio de 2009

Bem Sei, Amor, que é Certo o que Receio Bem sei, Amor, que é certo o que receio; Mas tu, porque com isso mais te apuras, De manhoso, mo negas, e mo juras Nesse teu arco de ouro; e eu te creio. A mão tenho metida no meu seio, E não vejo os meus danos às escuras; Porém porfias tanto e me asseguras, Que me digo que minto, e que me enleio. Nem somente consinto neste engano, Mas inda to agradeço, e a mim me nego Tudo o que vejo e sinto de meu dano. Oh poderoso mal a que me entrego! Que no meio do justo desengano Me possa inda cegar um moço cego? Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

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