segunda-feira, 11 de maio de 2009

Não Canse o Cego Amor de me Guiar Pois meus olhos não cansam de chorar Tristezas não cansadas de cansar-me; Pois não se abranda o fogo em que abrasar-me Pôde quem eu jamais pude abrandar; Não canse o cego Amor de me guiar Donde nunca de lá possa tornar-me; Nem deixe o mundo todo de escutar-me, Enquanto a fraca voz me não deixar. E se em montes, se em prados, e se em vales Piedade mora alguma, algum amor Em feras, plantas, aves, pedras, águas; Ouçam a longa história de meus males, E curem sua dor com minha dor; Que grandes mágoas podem curar mágoas. Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

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