sábado, 9 de maio de 2009

Vejo que nem um Breve Engano Posso Ter Quando de minhas mágoas a comprida Maginação os olhos me adormece, Em sonhos aquela alma me aparece, Que para mi foi sonho nesta vida. Lá numa soidade, onde estendida A vista por o campo desfalece, Corro após ela; e ela então parece Que mais de mi se alonga, compelida. Brado: − Não me fujais, sombra benina. − Ela (os olhos em mi c'um brando pejo, Como quem diz que já não pode ser) Torna a fugir-me; torno a bradar: − Dina... E antes que diga mene, acordo, e vejo Que nem um breve engano posso ter. Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

Sem comentários: