terça-feira, 12 de maio de 2009

O Mágico Veneno Um mover de olhos, brando e piedoso, Sem ver de quê; um riso brando e honesto, Quase forçado; um doce e humilde gesto, De qualquer alegria duvidoso; Um despejo quieto e vergonhoso; Um repouso gravíssimo e modesto; Uma pura bondade, manifesto Indício da alma, limpo e gracioso; Um encolhido ousar; uma brandura; Um medo sem ter culpa; um ar sereno; Um longo e obediente sofrimento; Esta foi a celeste formosura Da minha Circe, e o mágico veneno Que pôde transformar meu pensamento. Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

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